Publicou dois livros, é funcionário público. Talentoso escritor, irá escrever aos sábados 10 horas da manhã, no Folhetim Cultural com reprise nas terças ás 20 horas. Pelo Folhetim ainda escreverá uma vez ao mês no Chá das 5.
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Que jamais me digam ou me deixem saber que já disseram que sou um mau amigo!
Depois de ouvir a triste história citada na crônicaVitrines fui para casa com as minhocas de minha cabeça revirando-se dentro do crânio. Aquilo não poderia ficar assim, não poderia passar em branco pela História pessoal de meu amigo. Segundo Paulo Coelho todos nós temos que escrever a nossa “lenda pessoal” - ou algo assim, pois não pensem vocês que perco meu tempo com tais desimportãncias – e meu amigo não deixaria esse vale de lágrimas como vítima de uma piada de mau gosto do Destino.
Cobrir a dita-cuja de porrada não posso fazer, ainda mais com a Lei Maria da Penha e a imagem de pacifista que teimo em manter diante da sociedade. Aliás, aqui cabe uma boa pergunta:
- Quem é mais hipócrita? Eu ou a sociedade? - Divago muito, voltemos ao resultado do melancólico caso desse meu amigo.
Não podendo partir para a ignorância, resolvi usar a minha melhor arma, o meu escárnio e uma praga bem pregada na forma de um poeminha.
Agora é só torcermos para estarmos todos - inclusive você leitor - lá no dia e hora.
Sim, ela virá
Com seu avental preto
Caminhando
Como quem anda nas nuvens
Com passos leves
Delicados
Como uma bailarina
Tocará o solo
Com as pontas dos pés
Ela vira na sua direção
Trará no rosto
Um sorriso
(profissional, não se iluda)
Ela olhará através de você
(sim, esse é o seu olhar)
Seu café se aproxima
Na bandeja
A xícara
O petit-four
O copo d’água
Ela se aproxima de sua mesa
Falta pouco para chegar até você
E há poucos passos
Ela tropeça
Cai
A bandeja, a xícara, o petit-four, a água e ela vão ao
Chão
Você sorri
Você ri
Você gargalha
- Meu dia está ganho!
(murmurará você entre dentes)
E no chão frio do Café
As lágrimas dela se confundirão
À cor negra do café...
E na rua o sol brilhará
(só você perceberá isso, sossegue)
Como um orgasmo cósmico